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Ao Mestre, Com Carinho
Carta Maior
Matéria da Editoria:
Arte & Cultura
21/11/2006
ACORDE
Ao mestre, com carinho
Selo Revivendo relança faixas históricas de Gonzagão numa caixa de três CDs que é um novo tratado histórico da obra de Gonzagão. São 54 faixas (18 em cada volume), algumas delas ganhando a primeira edição em CD.
Edson Wander
Data: 06/06/2006
Em março de 1941, o humorista paulista Genésio Arruda gravava um compacto pela RCA Victor. Num dos lados, havia uma música sertaneja e o sanfoneiro indicado não conseguiu fazer o que Arruda queria na música, uma "scena comica" chamada "A Viagem do Genesio". Januário França, parceiro de Arruda na empreitada indicou então um outro sanfoneiro que gravou a contento a toada. O sanfoneiro substituto era ninguém menos que Luiz Gonzaga do Nascimento, o Gonzagão, e essa faixa ganha agora o primeiro registro digital de sua história. Está na abertura da preciosa caixa de três discos de Gonzagão batizada de "Luiz Gonzaga, Seu Canto, Sua Sanfona e Seus Amigos". O autor da façanha é Leon Barg, criador da Revivendo, o selo brasileiro que melhor trata o passado da música popular nacional.
A caixa é um novo tratado histórico da obra de Gonzagão. São 54 faixas (18 em cada CD), algumas delas ganhando a primeira edição em CD. Além de um texto introdutório, cada música ganhou um pequeno histórico, data de gravação e lançamento e até a respectiva matriz. Veio tudo da farta discografia em 78 RPM e LPs que Leon Barg guarda em sua residência, em Curitiba. São álbuns que nem a gravadora (SonyBMG, com quem Barg negocia os direitos) possui mais. O texto de apresentação e das músicas foram preparados pelo pesquisador mineiro José Silas Xavier (de Juiz de Fora). Tudo passou por remasterização, mas conservando as características originais de gravação, daí as diferentes ambientações sonoras das faixas. Barg não lembra mais com precisão, mas a caixa completa a 12ª reedição de Gonzagão que ele realiza (tem em discos de 78 e LPs toda a obra gravada por Gonzagão).
Sobre o apoio de um pesquisador mineiro para a realização do resgate, abre-se parênteses: foi em Juiz de Fora que Luiz Gonzaga, então recruta do Exército, pegou pela primeira vez numa sanfona de 120 baixos. Já exímio no pé-de-bode (a sanfona de 8 baixos) que aprendera desde os oito anos com o pai sanfoneiro e luthier, Gonzagão foi apresentado ao instrumento maior pelo colega de farda Domingos Ambrósio. Com outro companheiro juizforano, Santo Lima, Gonzagão teve as primeiras aulas de violão. O Rei do Baião viveu sete anos em Minas Gerais, de 1932 a 1939, quando deu baixa no Exército e foi para o Rio de Janeiro. Tadeu Franco, músico mineiro, tem em fita cassete uma coleção de músicas inéditas de Gonzagão que promete gravar. Detalhe: são sambas-canção, serestas, valsas... nada de baião. O disco 1 da caixa recupera Pau de Arara de Minas Gerais, um baião acelerado que Gonzagão fez com o mineiro Carlos Antunes. Fecha parênteses.
Mas a caixinha da Revivendo também mostra um lado desconhecido de Gonzagão. Além de preciosidades como a já citada primeira gravação de sua sanfona, há os primeiros registros de clássicos como "A Volta da Asa Branca" (dele com Zé Dantas, 1950) e Juazeiro (1949), música com Humberto Teixeira gravada pelo cantor sorocabano Sólon Sales antes mesmo da gravação de Gonzagão, ocorrida cinco meses depois. Sales gravou acompanhado do Regional de Rago, cujo acordeonista foi Orlando Silveira, futuro parceiro e afilhado de casamento de Gonzagão. O pesquisador Abel Cardoso, conta Silas Xavier, aponta dois registros desta gravação, já que Humberto Teixeira teria exigido respeito ao linguajar sertanejo anotado por ele e Gonzagão para a música. Algum produtor de Sólon inventara de corrigir a pronúncia das frases. Outra preciosidade é ouvir Gonzagão tocar em forma instrumental "Meu Pequeno Cachoeiro", música de Raul Sampaio dedicado à terra e de Roberto Carlos, que popularizou a canção. Esta gravação de Mestre Lua é de 1972. Curiosidades que o cuidadoso e rico encarte da caixa traz.
O Rei do Baião em suas mais de 500 gravações, registrou também músicas de outros compositores e de outros gêneros que não a personificação que ele deu ao fórró, baião e xote. O Vol. 1 da caixa mostra, por exemplo, "A Canção do Carteiro", de Mauro Pires e Messias Garcia, gravação de 1954 que Gonzagão interpretou à moda dos cantores do rádio, mas a sanfona dele acabou puxando para toada, ou a assumida (e belíssima) toada "Crepúsculo Sertanejo", de João Silva e Rangel (música de 1967). As músicas da compilação registram músicas dos anos de 1940 a 1980, pega das primeiras às últimas gravações do mestre sanfoneiro. No Vol. 2 tem Gonzagão cantando "Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores", retribuição de 1968 ao compositor Geraldo Vandré, que quatro anos antes havia gravado "Asa Branca" (incluída no Vol. 3 da caixa). Dentre os outros intérpretes que figuram na caixa estão as cantoras da Era do Rádio Carmen Costa (em Sarapaté), Dircinha Batista (Mambo Não), Heleninha Costa e os Cariocas (Que é Que Tu Qué), Emilinha Borba (Baião de Dois), Stelinha Egg, cantora e pesquisadora paranaense que fez com Gonzagão Toca Sanfoneiro, 4 Ases e 1 Coringa (Ai! Miquilina) e Dominguinhos, que dividiu com seu mestre Depois da Derradeira, música do próprio Dominguinhos com Fausto Nilo. São 54 músicas, mais 54 motivos resgatados para entender porquê Gonzagão é considerado um dos poucos gênios da música popular brasileira.
LUIZ GONZAGA, SEU CANTO, SUA SANFONA E SEU AMIGOS
Gravadora: Revivendo Músicas
Preço médio: R$ 78 (caixa com três CDs)
Compras nas lojas ou pelo site www.revivendomusicas.com.br
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