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Luiz Gonzaga - Respeitar É Preciso
LUIZ GONZAGA - RESPEITAR É PRECISO
Essa moda de cantar lamento romântico, batizada de forró pelos seus criadores, nada traz em comum com o puro e autêntico forró, criado por Luiz Gonzaga nos idos de 1945. Aquelas músicas com letras ingênuas e cheiro de sertão, com temática lírica e bucólica cantando casos de amor, de proezas e valentias, lançadas pelo velho LUA em parceria com os poetas Humberto Teixeira e Zé Dantas, deram lugar aos versos erotizados de letras apelativas e da mais pobre poesia.
Em vez de gibão e chapéu de couro, os intérpretes desse novo ritmo são loiras de cabelos oxigenados vestidas com minúsculos shorts e homens cabeludos de brincos e calças justas.
Há uma proliferação de grupos disputando o mesmo espaço, com nomes os mais variados e extravagantes, que lembram mais uma salada russa. Em comum, têm a mesmice das letras medíocres e o ritmo, além do sotaque globalizado das novelas. Coisas que, sem dúvida, fariam o nosso Rei do Baião mexer-se no túmulo.
Trata-se, como se sabe, de mais uma jogada de marketing das gravadoras, que hoje investem vorazmente neste filão. Tanta voracidade assim tem uma explicação: as gravadoras sabem que a onda é passageira, que se trata de uma música sem qualidade, consumida por um público formado por pessoas desatentas ao bom gosto e à cultura e que facilmente se deixam levar pela mídia.
Num país com as dimensões do Brasil, onde a formação étnica vai do índio ao europeu, passando pelo negro africano, e com o índice de analfabetismo ainda elevado, é natural que encontremos público consumidor para todas as manifestações musicais. Este público torna-se ainda maior, quando manipulado por uma forte e poderosa mídia engajada à indústria fonográfica.
É muito diferente, por exemplo, daquilo que acontecia no início dos anos 50, quando o único veículo de divulgação da música era o rádio. Mesmo com essa limitação e sem a presença da mídia, tivemos o fenômeno Luiz Gonzaga. Por um período de dez anos (1945 - 1955), o Baião foi a dança da moda no Brasil inteiro, fazendo com que 90% das prensas da RCA VICTOR trabalhassem exclusivamente para Luiz Gonzaga. Este fato despertou a atenção do presidente da multinacional, que fez questão de vir ao Brasil para conhecer de perto o dono dessa façanha. Todo esse sucesso foi construído sem a ajuda da mídia, sem a parafernália dos instrumentos de agora ou o uso de letras apelativas. Apenas com triângulo, zabumba, sanfona, poesia e muito talento.
Se falta qualidade a esses grupos, ousadia eles têm de sobra. Há algum tempo, um deles gravou um CD com músicas de Luiz Gonzaga e outro CD com a obra de Jackson do Pandeiro. Sem a habilidade necessária, acabaram por assassinar antigos sucessos destes dois grandes forrozeiros. Mais recentemente, gravaram outro CD com músicas de Gonzagão, quando transformaram a linda guarânia “Amor da minha vida” (Raul Sampaio / Benil Santos) gravada em 1960, numa espécie de samba de crioulo doido. Assim, não dá.
Como diz o sábio ditado popular, “quem não pode com o pote não pega na rodilha”. Deixem essa tarefa para aqueles que têm autoridade, respaldo e talento. Como exemplo de bons trabalhos, cito os recentes lançamentos de Dominguinhos e Genival Lacerda, que gravaram Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, respectivamente, com muita seriedade e qualidade.
Se os representantes deste novo ritmo acham que estão fazendo um forró moderno, eletrizado ou romântico, como queiram chamar, pois que dêem outro nome a esta coisa. Quando dizem que isto é forró, implicitamente estão dizendo que são discípulos de Luiz Gonzaga, seu principal criador.
Numa visão mercadológica, essa nova onda pode ser um produto forte e rentável. Culturalmente, porém, não tem a menor expressão. No entanto, o que não se pode admitir é que seus adeptos se autodefinam seguidores de Luiz Gonzaga. Afinal, Luiz Gonzaga é música, poesia e cultura. Luiz Gonzaga é história e, por isso, tem que ser respeitado.
Marcos Barreto de Melo.
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