GAZETA DO POVO 
CADERNO CULTURA G - 19/04/2003 
 
O resgate de Vicente Celestino 
 
Revivendo promete raridades de vários intérpretes sambistas  
"O Revivendo continua avançando, pois não dá para parar mesmo. Se pudesse até que parava. Não agüento mais não, a conjuntura nacional não ajuda e, para dar retorno ao que a gente faz, fica difícil. Mas continuamos a tocar nossos projetos", comunica Leon Barg, proprietário do selo parananese especializado em lançamentos de raridades da música brasileira, que já retomou os trabalhos após se recuperar de sérios problemas de saúde.  
 
Barg anuncia a continuidade do Revivendo com a apresentação de seis CDs de Vicente Celestino, que foram lançados há pouco mais de uma semana (em duas caixas com três discos cada), trazendo mais de cem canções de um dos principais cantores brasileiros (que ficou conhecido principalmente pela música "O Ébrio", de sua autoria e transposta para o cinema no filme homônimo de grande sucesso). "O material foi recuperado de gravações em rádio, além de faixas inéditas não lançadas em discos comerciais. Tivemos muitas dificuldades, pois as músicas estavam em fitas desgatadas, acetatos ruins e isto leva tempo, é um trabalho de paciência", revela o pesquisador e produtor. 
 
Além de Celestino, Barg informa que o Revivendo está trabalhando em vários outros lançamentos. Um deles é a série Testamento do Sambista, com originais de início de carreira de: Moreira da Silva (1902 – 2000), o Kid Moringueira, rei da malandragem, que se notabilizou pelo samba de breque, tornando-se o maior nome do gênero; Jorge Veiga (1910 – 1979), outro grande nome do samba de breque, conhecido também pelo repertório de sambas anedóticos; e Caco Velho (1909 – 1971), cantor e instrumentista gaúcho nascido Mateus Nunes, que ficou conhecido como "o homem da cuíca na garganta", por imitar o som do instrumento musical nas vocalizações que fazia. 
 
Também estão na lista de resgate do selo paranaense: Bonfiglio de Oliveira (1894 – 1940), contrabaixista, trompestista e percussionista paulista, radicado no Rio de Janeiro na década de 10, compositor de marchas-rancho, valsas e choros, além de diretor do Ameno Resedá, um dos locais pioneiros do carnaval de salão carioca; Carlos Galhardo (1913 – 1985), um dos quatro grandes cantores da era do rádio, ao lado de Orlando Silva, Sílvio Caldas e Francisco Alves; Gilberto Alves (1915 – 1992), cantor de sambas lançado por Almirante, que deixou mais de 400 gravações, entre elas o sucesso ‘Recordar É Viver"; e Roberto Paiva (1921), cantor eclético, que gravou desde canções românticas até marchas de carnaval. 
 
‹ Serviço: Os CDs de Vicente Celestino custam R$ 24 e podem ser adquiridos, assim como outro produtos do selo, na Revivendo (R. Alberto Bollinger, 311 – Alto da Glória), tel. (41) 253-3035, ou no site www.revivendomusicas.com.br. 
 
Rudney Flores