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Crônica de Sorocaba - Um Tom Local / Um Poema - Luau
Crônica de Sorocaba - Um Tom Local
"A BOSSA-NOVA é só um tipo de samba." Quem diz isso não é um qualquer palpiteiro de esquina, não: trata-se de nosso Abel Cardoso Júnior - um dos maiores especialistas nacionais em música popular brasileira.
Esta semana, tive o grato prazer de ouvir a tríade discográfica dedicada a Tom Jobim, "Raros Compassos", editada pela gravadora curitibana "Revivendo". O título da coleção faz-lhe, de fato, jus: são 76 faixas que são 76 preciosidades cavoucadas na imensa coleção de Leon Barg. (Segundo aprendi na revista "`Epoca", Barg é o maior colecionador de discos do País; e eu que pensava que o maior colecionador de discos do Brasil fosse o meu amigo Zequinha!).
Falando sério: há uns tempos, entrei em contato (virtual, que é o mais eficiente nos tempos destes tempos), com essa gravadora "Revivendo", muito que me foi recomendada pelo amigo comum Paulo Betti. Xereteei-lhe os trabalhos com os olhos - que não é exatamente como que se espera sejam apreciadas gravações. Mas, fiz. Inseri o "site" da gravadora na relação de meus preferidos e arrolei-lhe o "e-mail" dentre os de minha lista de endereços. Passei a enviar-lhes, sem compromisso outro que o de assim os já estar divulgando, alguns escritos meus. Para minha surpresa, uns tempos após, recebi pedido de lá para que pudessem, eventualmente, divulgá-los, a meus escritos, "on line". Acedi, homenageado. E tudo seguiu como dantes no quartel de Abrantes.
Eis senão quando, recebo um correio eletrônico de Lílian Barg, que, também aprendi, é filha de Leon, dando-me conta de que acabara de ser "contemplado" com um jogo do novo lançamento da editora: exatamente, os "Raros Compassos" de Tom Jobim. Encantado, admirei os três CDs, que busquei aos Correios, dispostos numa singela caixinha de papelão, mas cuidadosamente elaborados, em lindas cores, um deles num tom para o alaranjado, outro para o amarelo, o outro um tom de azul. Um Tom, literalmente: na capa, a reprodução, em alto contraste, nas cores de cada volume, de um retrato do artista quando jovem.
Foi começar a ouvir os discos e quedar-me estupefato: quem Tom era aquele? Pery Ribeiro cantando "Esquecendo Você". Mário Reis cantava "Isto Eu não Faço não"; Marlene canta "Brigas Nunca Mais". Que tal Herivelto Martins e sua Escola interpretando "A Felicidade"? Com Dick Farney, "Perdido nos Teus Olhos".
Já se apercebeu o leitora atenta, o leitor atencioso, tratar-se de gravações originais nas duas acepções da palavra: primeiras gravações (algumas das canções ficaram nestas!) e outras, umas que não aquelas as que nos ficaram nos ouvidos e para a posteridade, nem por isso, estas jóias raras (talvez, antes, pelo contrário...) menos originais que as que se celebrizaram pelas ondas das rádios do Brasil.
No segundo disco da coleção, Carlos José canta "Por Toda a Minha Vida". Isaura Garcia, "Meditação". Claudete Soares interpreta "Vivo Sonhando" e, Ângela Maria, "Não Devo Sonhar"... Contraponto?
Há outros disso lá.
Imagine-se Stelinha Egg cantando "Só Danço Samba". Imaginou? Agora pense em "Chega de Saudade" nas vozes do Trio Nagô. "Domingo Sincopado", na arte de Edu da Gaita. Vanja Orico canta "Sucedeu Assim" e, de repente, uma dupla sertaneja, e de mulheres!, para cujo "nome trocadilhesco", ("Mara e Cota"), alerta-se no encarte, aparece com uma inatacável versão caipira da romântica "Eu não Existo sem Você". Depois disso, só mesmo se Vicente Celestino cantasse "Se Todos Fossem Iguais a Você". Ele canta - é a última faixa do disco 2.
O último CD da coleção preciosa nada não fica a dever a seus manos: voltam Vanja Orico ("Eu não Existo sem Você"), Dick Farney, Elza Soares, Mara e Cota ("Eu Sei que Vou Te Amar"...!) e um Cauby Peixoto irreconhecível canta "Oficina". O violão inesquecível do inesquecível Raphael Rabello interpreta "Garoto". Com Agostinho dos Santos, ouvimos "Sucedeu Assim". E, caramba, nos três discos, são tantas as faixas realmente extraordinárias que seria custoso enumerá-las, talvez as enumerasse todas. Das listas que aqui listei, há ausências imperdoáveis.
E, mas contudo, o melhor, para mim, ainda estava por chegar. Foi folheando um dos encartes dos CDs que minha adorada Carina Hortência alertou-me para a lista de nomes para os quais a "Revivendo" fazia um agradecimento especial: e o primeiro nome, já que a ordem era alfabética, era o de Abel Cardoso Júnior - esse um que ergue o nome da cidade em toda parte para onde leva o seu dele. Abel! E, porém, mais um pouco adiante, outra surpresa: José Rubens d`Incao. Isso: o Zé Rubens, da Biblioteca Infantil. Contou-me, ele, ter auxiliado na captação das letras das gravações originais. Serviço de presidiário. Telefonei, ufanista, ao confrade Abel Cardoso, e foi quando dele ouvi sua definição definitiva da Bossa Nova:
- O que existe é o "samba de bossa-nova" - insistiu.
Deve de ter razão o meu amigo que, aí eu soube, é o autor do texto do encarte que acompanha os CDs. Nem é o primeiro trabalho de Abel à "Revivendo", que já lhe publicou os resultados da pesquisa em "Chiquinha Gonzaga" e "Emilinha Borba".
Ouvi os discos várias e muitas vezes, sem me cansar, encantando-me cada vez mais. Bairrista, quis garimpar nos tons que ouvia as cores das luzes de Abel e meu amigo José Rubens. Achei o que quis, porque o quis.
Quase concordo com Abel: "A bossa-nova é só um tipo de samba".
Só tirava o só.
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Um poema
Luau
Perigo: do lado oculto
da Lua mora um segredo.
A gente morre de medo.
É sombra, parece um vulto...
Do lado oculto da Lua,
mora o segredo do imenso,
moram loucuras, eu penso,
uma linda moça nua...
Não, que engano! A Lua és tu.
Teu lado oculto tem luzes
de estrelas que desconheço
e um suspiro que é só sus...
Porque, do lado que luzes,
iluminas meu avesso.
Paulo Tortello é Poeta.
Fone/Fax: (15) 231-8218.
E-mail: tortello@zaz.com.br
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