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Na Encruzilhada do Arcaico e do Moderno
Na Encruzilhada do Arcaico e do Moderno
Artista inventivo, Gonzaga cultivou ambigüidades políticas que não suplantaram sua maestria. Por André Luiz Barros
Até meados dos anos 40, Luí Gonzaga era apenas um sanfoneiro, de relativo sucesso, com alguns discos 78 rpm gravados. Não tivesse se aventurado a cantar, e a gravar o misto de criação própria e colagem de canções arcaicas que é Asa Branca, teria sido apenas o mais completo e inventivo sanfoneiro brasileiro de todos os tempos ( o que de fato foi). Dez anos depois de sua morte, ocorrida em 2 de agosto de 1989, pode-se dizer que o canto fácil e potente, assim como a personagem de chapéu de vaqueiro, gibão de couro e sandálias que criou, fez dele algo como um mito.
Mestre Lua, porém não era só sanfona, voz e figurino. É o inventor do baião, com base no dedilhado repetitivo do repentista na viola. Na encruzilhada da arcaica cultura nordestina com a tecnologia radiofônica, Gonzagão foi dos artistas brasileiros que alcançaram sucesso mais amplo, do Norte ao Sul do país, em dois momentos áureos: de 1947 a 1959 (do estouro de Asa Branca ao advento da bossa nova) e nos anos 70, quando os tropicalistas o relembraram.
Vindo ao Sudeste como praça do Exército nos anos 20 e 30, participante que foi da Revolução Tenentista, em vez de voltar ao nordeste, foi tocar nos cabarés cariocas. Ali descobriu que um bom vira-e-mexe nordestino agradava mais do que as valsas, tangos e polcas que antes praticava. Aos poucos, num Rio que então gerava a máquina de sucesso chamada Rádio Nacional, criou a banda nordestina típica: com zabumba, triângulo e sanfona.
"A zabumba era antiga no interior pernambucano. Gonzaga primeiro pensou em juntá-la aos pífanos, aquelas flautinhas nordestinas pouco potentes. Elas logo mostraram ser inaudíveis, junto da zabumba. Matou a charada ao ouvir, numa feira em Pernambuco, um menino vendedor de biscoitos atacando um triângulo, que era escutado a metros de distância!", diz por telefone, de Paris, a francesa Dominique Dreyfuss, autora da biografia do músico, Vida de Viajante: A Saga de Luís Gonzaga (Editora 34).
Observando o sanfoneiro gaúcho Pedro Raimundo, que usava roupa típica dos pampas, inclusive bombachas, Gonzaga teve pela primeira vez a idéia de subir em palcos como vaqueiro. Condutor brilhante da própria carreira, o menino nascido em Exu, no interior de Pernambuco, em 1912, ia se tornando um dos homens mais ricos da música. No campo político, cultivou ambigüidades. Até porque, formado no Exército, por ele manteve respeito e admiração. Mesmo nos anos pós-64 e 68, o que lhe trouxe, no mínimo, a incompreensão do meio artístico e intelectual de esquerda, amenizada, a partir dos anos 80, pela parceria com seu filho Luís Gonzaga Júnior (1945-1991), o Gonzaguinha.
Já nos anos 80, em grave episódio de uma velha guerra entre famílias de Exu, Gonzagão levou duas asas-brancas para o então vice-presidente Aureliano Chaves, em Brasília, e a guerra apaziguou-se. Fez também campanhas pelo flagelados pela seca nordestina. Antes, desde meados dos anos 40, Ter mestre Lua em comício era vitória na certa. O presidente Eurico Dutra oo adorava, assim como o "segundo" Getúlio Vargas. "Na verdade, ele era meio o `bobo da corte`; o moleque de Exu animando a festa no Palácio do Catete", diz Dominique, que morou dois meses na fazenda de Gonzaga, em Exu, em 1989, para escrever o livro. Ele apoiou Jânio Quadros e só não repetiu a dose com Juscelino porque o destino fez deste o "presidente bossa-nova", mais urbano e moderno. A imagem de "deputado" de Exu, porém, não apagou a de inventor do canto e do toque nordestino contemporâneo, que abriu a porteira para um saudável êxodo musical nas décadas seguintes.
RevistaBravo!
AGOSTO 99 – ANO 2 – Nº 23
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