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CASCATINHA

CASCATINHA (Francisco dos Santos) é paulista de Araraquara, nascido na fazenda Cafelândia, em 20.4.1919, filho de carroceiro, que tocava um pouco de sanfona. É essa a única referencia artística em sua família, já que ninguém mais, a não ser ele, chegou a demonstrar pendor musical. Com 5 anos de idade, perde o pai. Sua mãe teve 5 filhos do primeiro casamento e 6 do segundo. 
Com 10 anos, Cascatinha muda-se para Marília, que se Chamava Alto Cafezal, e era desbravada na Alta Paulista. Mora também em Garça, cidade da mesma linha férrea, e recebe na escola primária esse apelido, já que gostava de banhar-se numa pequena cascata. 
Volta a morar em Marília, labutando em serviços braçais, como servente de pedreiro. É admitido na banda local, como tocador de caixa, mercê do seu sentido rítmico. Dono de apurado ouvido musical, recolhia os sucessos que ouvia no rádio e os reproduzia, assobiando, para o mestre - da - banda escrevê-los no papel. Como baterista, animava os bailes da cidade, num conjunto formado por músicos dessa banda. 
Nessa ocasião, quando tinha 18 anos, passa pela cidade o Circo Nova Iorque, que precisava de um Baterista. Depois de dar sua colaboração, Cascatinha, segue viagem com a troupe nessa função. Aos poucos, vai revelando suas qualidades de cantor, interpretando sambas e serenatas e também fazendo dupla com Chope, o paraibano Natalício Fermino dos Santos, também malabarista. Sentindo que estaria sempre na dependência de quem se dispusesse a acompanha-lo, resolve aprender violão. 
Em 1941, na passagem do circo pela cidade paulista de Araras, vem a conhecer uma jovem e bonita filha da terra, Ana Eufrosina da Silva, aí nascida em 28.3.1923. Ana era considerada a cantora da cidade, atuando com a irmã Maria das Dores no Jazz - Band de Araras, com mais dois irmãos, um na bateria e outro no contrabaixo. 
O primeiro encontro deu-se na praça central, ao redor do serviço de alto-falante, no qual Cascatinha também cantava para promover o circo. Do namoro para o casamento, foram apenas 5 meses, uma pressa que se justificava porque artista de circo não tinha parada e portanto não inspirava muita confiança quando às verdadeiras intenções. Temor infundado: seria um casamento sólido e feliz de 40 anos, com um filho adotivo. 
Pouco depois, chope e Cascatinha partem sozinhos para a sorte no Rio de Janeiro, onde alugam casa e se fixam por mais de um ano. Ana, que logo se reúne a Cascatinha, bem como a mulher de Chope, são apenas donas de casa, enquanto os dois cantam em pavilhões e circos e também em programas de calouros - Paulo Gracindo, Manoel Barcelos, Ary Barroso e Renato - abocanhando prêmios em dinheiro, muito benvindos naquela situação. 
Em 1942, na cidade de Volta Redonda, ponto de algumas apresentações, um desentendimento ocasiona a sua separação de Chope. Na emergência, Cascatinha recorre a uma solução doméstica, Ana, e com ela forma a dupla que todo o Brasil haveria de aplaudir. Para dar um acento mais sertanejo, rebatiza-a de Inhana, apelido com o qual não era chamada nem no ambiente familiar, mas como são comumente chamadas as Anas em nosso interior. 
Em volta Redonda mesmo, são contratados pelo Circo Estrela Dalva e partem em excursão pelo interior paulista. Atuam em outros circos e, durante uns 5 anos, no Parque de Diversões Imperial. Quando este estaciona em Bauru, assinam contrato de um ano com Rádio Clube. Isso em 1947. Já estavam cansados de tantas andanças e seria salutar uma pausa. Por causa desse compromisso, não puderam responder a convite anterior da Rádio Tupi, de São Paulo, feito pelo radialista Homero Silva, que os apresentara no seu famoso programa Clube do Papai Noel. 
Deixando Bauru, em 1948, vão para São Paulo, mas contratados pela Rádio América. No ano seguinte, por intermédio de Manezinho Araújo, conseguem se apresentar na Feira Folclórica que se realizava no Rio de Janeiro e reunia todos os grandes nomes do rádio brasileiro. É quando também cantam na Rádio Nacional. 
Em 1950, transferem-se para Rádio Record (A Maior), nela permanecendo por 12 anos. A partir daí, pode-se dizer que firmam a carreira e lançam-se definitivamente para o sucesso. Antes de gravar o primeiro disco próprio, Inhana faz acompanhamento vocal para Raul Torres e Florêncio nas gravações de Rolinha Correio e Pomba do mato, na Todamérica. 
Tendo Raul a quebrar lanças, gravam na Todamérica, sob o nº 5. 081, o 78 rpm inicial, com La Paloma e Fronteiriça, lançado em julho de 1951. Os dois discos seguintes seriam cantados penas por "Ana Silva (Inhana)". 
O 5º disco, porém, estaria destinado a ser um dos maiores fenômenos de venda em todos os tempos em nosso país. Trazia duas versões, as guarânias paraguaias Índia e Meu Primeiro Amor, com uma vendagem superior a 500 mil cópias, mesmo tendo sido também gravadas por outros intérpretes. Um disco que jamais sairia do catálogo da Todamérica. Dele adveio o convite para o primeiro filme, Carnaval em Lá Maior, da U.C.B., de 1955, no qual interpretaram os dois extraordinários sucessos. 
Engraçado que o disco tinha demorado a sair, porque o diretor - artístico da Todamérica não queria, tendo de ceder ao reclamo dos ouvintes, que ouviram as músicas no seu programa na Rádio Record. 
Na fase do 78 rpm, fizeram o total de 34 discos com 68 músicas, na Todamérica (1951 a 1956 e 1957 a 1960) e na Continental (1956 e 1961 a 1963). Com o advento do Lp, gravaram muitos, como, por exemplo, Vinte e Cinco Anos, em 1966, comemorando os 25 anos de carreira, e Dueto de Amor, em 1970. Durante apenas um ano, Cascatinha foi diretor - artístico da Todamérica, mas mesmo assim lançou duplas famosas, como Nonô e Naná e Zilo e Zalo. 
Em 1978, no Teatro Alfredo Mesquita, em São Paulo, levam o espetáculo Índia, de muita repercussão, contando sua trajetória artística, que só seria interrompida com o falecimento de Inhana, em 11.6.1981, com 58 anos de idade, em São Paulo. 
Desde então Cascatinha passou a cantar sozinho, fixando-se primeiramente em Votuporanga e, atualmente, em São José do Rio Preto, cidade que julga ideal como para as apresentações que continua fazendo, pois não se sente bem longe da música. 
Uma dupla que, graças ao milagre da tecnologia, agora em C.D., jamais será desfeita e jamais esquecida. 
 
O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira. 
 
 

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