NORA NEY, com o nome de Iracema de Souza Ferreira, viu a luz na cidade do Rio de Janeiro, na Rua Angélica Mota, bairro de Olaria, em 20.3.1922, filha de funcionário da Câmara dos Deputados. 
 
Foi boa aluna e, já morando no Flamengo, formou-se perita-contadora no Instituto Ruy Barbosa, nas Laranjeiras. Quando bem jovem, suas preferências 
 
Eram pela música americana, que cantava no original. Passou a freqüentar as estações de rádio e começou na Rádio Tupi interpretando esse tipo de música. 
 
Seu nome verdadeiro não era artístico e foi mudado por José Mauro, que produzia e dirigia o programa Fantasias Musicais, para Nora May. Logo depois o May seria mudado para Ney, por Sérgio Vasconcelos, outro diretor da emissora, porque numa carta uma fã o havia grafado assim. Por insistência de Almirante, e por ter de substituir Aracy de Almeida, em férias, apesar de sua relutância, passou a cantar música brasileira, na oportunidade especialmente Noel Rosa. 
 
Casa-se e o casamento não dá certo: ele é ciumento e irascível. Nora recebe um convite vantajoso para também atuar no Copacabana Palace, interpretando música internacional. O marido, para sua surpresa, permite esse trabalho na noite, depois de verificar o ambiente. 
 
Quando se sente economicamente independente, na surdina, Nora aluga um apartamento para o qual se muda com a mãe e os filhos. Só então comunica ao marido a separação unilateral. A reação dele não podia ser pior. Nos momentos de tensão pela perseguição do marido, recebia apoio e proteção do colega Jorge Goulart, que também cantava no Copacabana. A simples amizade em pouco tempo evoluiria para o amor e uma união que perdura até hoje. 
 
Nora estava mais do que pronta para gravar seu primeiro disco, o que se dá a convite da Continental, em 1952. Nele fez questão de incluir um samba que havia aprendido do próprio autor. Era Menino Grande do pernambucano AntÔnio Maria. 
 
"Jamais se ouvira cantora alguma, em nosso país, expressar-se daquele modo. Dizendo os versos musicais, mais do que cantando, criava proximidade com ouvintes acostumados (ou até mesmo avessos) a mensagens de amor e desespero em altos brados." (J.L. Ferrete) 
 
De fato, Nora criou um estilo só seu, de voz pausada, grave, dramática, que o público imediatamente amou e aplaudiu. Eis uma intérprete absolutamente única e convincente. 
 
O sucesso a levaria a participar dos filmes musicais, inevitavelmente: Carnaval Atlântida (1953, Carnaval em Caxias (1954), Guerra ao Samba e Carnaval em Lá Maior (1955) e muitos outros.  
 
Sua carreira seguiria junto, mas paralelamente, à de Jorge Goulart. Os sucessos no disco foram inúmeros. Além dos que estão neste CD., É Tão Gostoso Seu Moço, Vai, Mas Vai Mesmo, Aves Daninhas, Se Eu Morresse Amanhã, Só Louco, Meu Lamento, Gosto, Gosto de Você e outros mais. 
 
Abel Cardoso Junior  
O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira.