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Fagner - Enciclopedia Musical Brasileira Fagner - Enciclopedia Musical Brasileira

Gonzagao e Fagner Gonzagao e Fagner
Fagner

Cearense de Orós, classe 1949, Raimundo Fagner Cândido Lopes entrou na música popular brasileira direto pela porta da frente. Seu nome foi pronunciado amplamente, pela primeira vez, em 1972, quando Elis Regina gravou "Mucuripe"(parceria com Belchior). Chegado ao Rio um ano antes, foi logo mostrando a determinação de estar entre os grandes ao conseguir a façanha de ser hospedado na casa de Elis e Ronaldo Bôscoli, até que organizasse sua vida. Com "Mucuripe" ele vencera em 71 um festival em Brasília, onde cursou Arquitetura o tempo suficiente para decidir que sua escala na faculdade e na capital seria rapidíssima.  
 
Pavimentado pelas novas amizades cariocas (entre elas Nara Leão), o talento e a originalidade de Fagner vieram à tona no LP "Manera frufru manera", lançado em 1973 pela Philips, a gravadora em que, na época, estavam quase todos os grande. Puxado pelo clássico "último pau-de-arara"(Venâncio/Corumba), espécie de manifesto de chegada, o disco apresentava as várias faces de Fagner: a nordestina, a romântica e a moderna. No momento seguinte ele se viu em Paris, integrando a turma do filme "Joana, a francesa", de Cacá Diegues. Na volta, contrato rompido com Philips, assina com a Continental e lança em 1975, "Ave Noturna".  
 
O rompimento com a Philips inaugurou uma série de embates de Fagner com "establishment" da MPB, celebrizado no enfrentamento com Caetano Veloso pela imprensa. Por dizer sempre o que pensa, sem pílulas douradas, ele ganhou a fama de rebelde e arrogante. Ajudou a construí-la, também, com opiniões fortes e frases de efeito do tipo "sou a figura mais importante da música brasileira|". Na gravadora CBS, a partir de 1976, ele enfatizou sua personalidade, chegando a diretor do selo Epic e lançando, entre outros, Elba Ramalho, Zé Ramalho e Amelinha. As más línguas da hora diziam que CBS era a sigla de Cearenses Bem-Sucedidos.  
 
O primeiro "smash-hit" de Fagner chega em 1978 - "Revelação", dos conterrâneos Clodo e Clésio. Daí pra frente ele contabiliza vendagens cada vez maiores. Encara a má-vontade dos críticos fazendo discos coerentes com sua trajetória. Trilha o romantismo (essência da MPB), não esquece a tradição nordestina e mostra que essa tradição não o impede de avançar. Lançou 24 discos individuais e participou de pilhas de discos de outros artistas. Produziu muitos, gravou dezenas de autores, alinhou parcerias amplas, gerais e irrestritas: Chico Buarque, Ferreira Gullar, Abel Silva, Ronaldo Bastos, Capinan e Fausto Nilo (o mais freqüente).  
 
Nesse CD está a íntegra do LP "Ave noturna". "Fracasso" pode ser ouvida como um clássico da canção romântica amarga. "Retrato marrom"(Rodger Rogério/Fausto Nilo) e "Última mentira"(Fagner/Capinan) vão pelo mesmo caminho. "A palo seco"(Belchior) é cantada todos os dias em algum lugar do país. Assim como ela, "Estrada de Santana" e "Beco dos baleiros"(ambas de Petrúcio Maia/Antonio Brandão) mostram a novidade nordestina dos anos 70. "Riacho do navio"(Luiz Gonzaga/Zé Dantas) e "Antônio Conselheiro"(do folclore) sublinham a origem de tudo. "Ave Noturna" (parceria com Cacá Diegues), e "Astro vagabundo" (com Fausto Nilo) são essência do próprio Fagner.  
 
Vale lembrar que o disco de 75 tinha (tem) a presença de músicos como Wagner Tiso, Paulo Moura, Copinha, Toninho Hortae, entre outros, um certo Lulu dos Santos - que mais tarde tiraria esse "dos" do nome. Completam a seleção "Mucuripe", gravada ao vivo em 1996, na melhor de suas criações e três momentos inesquecíveis do disco de 1978: "Revelação", "Jura secreta"(Sueli Costa/Abel Silva) e "As rosas não falam" (Cartola), que tem em Fagner talvez seu intérprete mais profundo. A voz de metal e madeira que veio de Orós está também na origem das novidades que o inesgotável Nordeste endereça hoje ao Brasil.  
(Juarez Fonseca)  
 
* Biografia compilada do encarte da Enciclopédia Musical Brasileira distribuído pela Warner Music Brasil Ltda.  
 
O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira. 
 
 

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