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Emilinha Borba

EMILIA Savana da Silva BORBA nasceu na Estação de Mangueira, no Rio de Janeiro, num 31 de agosto. Seu pai, engenheiro-agronomo, tinha muitas posses - inclusive a Vila Savana, onde nasceu e morou Emilinha - mas, devido à sua prodigalidade, não soube conservá-las, deixando a família, ao falecer prematuramente, e em situação bem difícil. D. Edith, mão de Emilinha, até precisou distribuir os sete filhos pelas casas dos parentes: Maria de Lourdes, Xezira, Suzete, Emília, José Maria, Ely e Terezinha. José Maria, como se vê, era o único homem entre seis irmãs e a mãe. Emilinha foi para a casa da avó, D. Bela. 
Desde que começou a entender a vida, a pequena Emília achou que tinha a obrigação de fazer algo, a fim de ajudar a mãe e os irmãos. Cantar, para aproveitar sua vocação artística, pareceu-lhe o melhor caminho, e para tanto passou a freqüentar as estações de rádio, ainda pré-adolescente. 
 
Começou logo pelo temível programa de calouros de Ary Barroso, no qual, para seu orgulho até hoje, conquistou o primeiro prêmio: 50 mil-réis. Depois veio o Programa Juvenil da Rádio Cruzeiro do Sul (PRD-2), conhecendo na ocasião Bidu Reis (Edila Luíza Reis), com quem formaria o duo As Moreninhas. Bidu seria mais tarde integrante do famoso conjunto vocal feminino As Três Marias e boa compositora. 
 
Atuaria também no programa De Graça Para Todos, da Rádio Transmissora (PRE-3), produzido pelo radialista e compositor Gomes Cardim, segundo o qual "Emilinha era uma garota irrequieta e levada, estudante ainda, que permanecia no auditório pintando o sete e fazendo uma "onda" tremenda. Só havia um meio de fazê-la sossegar: deixar que ela cantasse". 
 
Sua irmã Xezira, com o pseudônimo de Nena Robledo, já se tinha iniciado como cantora, carreira promissora, porém de curta duração, em virtude de casamento com o compositor Peterpan (José Fenandes de Paula). Nena Robledo deixou gravados 2 discos (1940/41) com 3 músicas e a lembrança de boa sambista. 
 
D. Edith continuava na batalha de sustentar a numerosa família. Trabalhava, em 1939, como camareira do toalete de senhoras do cassino da Urca. Carmen Miranda, que cumpria mais um contrato na casa, ao tomar conhecimento das agruras pelas quais estava passando, ofereceu-se para ajudá-la. D. Edith falou então de Emilinha, que já vinha atuando no rádio, e Carmen dispôs-se a colocá-la no elenco de croners do cassino. 
 
Deu a Emilinha algumas de suas roupas e sapatos bem altos para que aparentasse mais idade, justificando o aumento de 4 anos na mesma, pois era menor, tudo para o teste perante o mineiro Joaquim Rollas, dono da Urca. Notando o nervosismo natural de Emilinha enquanto cantava, Carmen, com a mão no ombro de Rollas entretinha com ele uma conversa sem fim, para que desviasse a atenção da novata. Deu certo, porque Rollas passou a decisão a Carmen - Você quer que ela seja contratada? E Carmen: Quero! 
 
Além de crooner da Urca, o cassino mais prestigiosodo Brasil, Emilinha atuava na Rádio Cajuti. Era ainda "Emília" Borba. Em fevereiro de 1939, ocorria o lançamento de sua primeira gravação, a marcha Pirulito, de João de Barro e Alberto Ribeiro, no disco Colúmbia 55.012, mas no selo só saiu Nilton Paz como intérprete, de resto um grande sucesso no carnaval desse ano e até hoje conhecida. 
 
Foi convidada nesse ano para a temporada carnavalesca da rádio Record de São Paulo, apresentando-se no Teatro Coliseu ao lado de Orlando Silva, Sylvio Caldas e Almirante. 
 
Ainda como Emília Borba, faria na Colúmbia, até 1940, mais 4 discos, em seguida assinando com a Odeon. Em 1940 participa do filme Vamos Cantar! e, em toda a sua carreira, em cerca de10 outros. Tristezas Não Pagam Dívidas (1944), Não Adianta Chorar (1944), Segura Esta Mulher (1946), É Com Esse Que Eu Vou (1948), Folias Cariocas (1948), para citar alguns. Fez o papel principal como atriz em Poeira de Estrelas (1948) e Estou Aí? (1949), sendo elogiada pela sua desenvoltura. Em toda a história do cinema brasileiro, foi a cantora que mais participu de filmes musicais. 
 
Na sua rápida passagem pela Odeon, pela primeira vez seu nome foi gravado "Emilinha". Em 1942, faz o caminho de volta para a Colúmbia, já então chamada Continental, e declarava à revista Carioca, que não tinha muitas ambições com relação à fama: "Talvez isso seja um grande erro da minha parte. Mas procedendo assim, discretamente, sem cartazes vistosos e adjetivos bombásticos, foi que logrei minha situação no rádio". 
 
Longe estava de imaginar o que aconteceria nos anos próximos. Na Continental, marcaria verdadeiros êxitos com O Outro Palpite, Antes Não Te Visse e Acapulco, antes do sucesso extraordinário de Escandalosa (1947). Já vinha atuando na Rádio Nacional desde 1944 e nela atuaria por 27 anos. Começava a memorável época dos programas de auditórios, das faixas e troféus, das rivalidades entre as fãs, da Revista do Rádio e do polêmico concurso de Rainha do Rádio de 1949. 
 
Na revista do Rádio, Emilinha chegou a ter espaço especial para o seu "diário". Época em que César de Alencar, seu apresentador-mor, liderava as tardes de sábado com o programa que levava o nome de César. Num dos quadros, A Felicidade Bate À Sua Porta, Emilinha, sobre o furgão da Nacional, ia visitar os bairros da cidade. 
 
Se os tempos são outros, a verdade é que Emilinha não passou. Está em plena atividade, cercada do carinho e da devoção de admiradores de todas as idades, retribuição do amor que tem por eles. "Trato todos os meus fãs com o maior carinho e respeito. São para mim verdadeiros irmãos". O dia 31 de agosto, aniversário de Emilinha, é comemorado a cada ano com um grande e emocionante encontro da estrela com seu público, cada vez mais fiel, se é que se possa ser mais fiel. 
 
Para levantar o auditório destes CDs., nada mais oportuno que a célebre apresentação de Emilinha por César de Alencar, carregando nos "erres": Com vocês... A minha... A sua... A nossa favorita... EMILINHA BORRRRRBA!!  
 
ABEL CARDOSO JUNIOR 
 
O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira. 
 
 
 

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