DICK FARNEY
DICK FARNEY, pseudônimo de Farnésio Dutra e Silva, nasceu, em 14.11.1921, na cidade do Rio de Janeiro e faleceu, em 4.8.1987, na cidade de São Paulo. Sua família era rica e ele teve apenas um irmão, Cylleno, que viria a ser famoso galã de filmes nacionais com o nome de Cyll Farney e chegou a tocar bateria nos primeiros conjuntos do jovem Dick.
Os pais de Dick cultivavam a música clássica: o pai, o piano, e, a mãe, o canto. Dick faria o curso de teoria musical na Escola Nacional de Música e estudaria canto com Diva Pasternack. Essa formação clássica não o impediria de se passar para o piano jazzístico, já que sempre foi um apaixonado pela música norte-americana, influenciado especialmente pelo piano de Nat "King" Cole e pela voz de Bing Crosby.
Em 1934, apresentou-se, aos 12 anos, na Rádio Guanabara tocando o Prelúdio n.º 7 de Chopin. Em 1936, tocou no Programa Picolino, de Barbosa Júnior, a Dança Ritual do Fogo, de Manuel de Falla, e a Canção da Índia, de Korsacov. Em 1938, foi até a Rádio Mayrink Veiga, levando um disco seu particular, que César Ladeira, diretor-artístico da mesma, ouviu e pensou tratar-se de Bing Crosby, tal a semelhança. Foi então contratado por César por 400 mil-réis mensais. De 1941 a 1944, também estava integrado na Orquestra de Carlos Machado, no Cassino da Urca, com a qual cantava e tocava piano.
Em 1944, grava seu primeiro disco, na Continental, com músicas americanas, seguido de outros 4 discos do mesmo teor, em Inglês, no mesmo ano, obtendo êxito com What`s New?, fox-trot de Haggart e Burke. Só a partir de seu sexto disco, passa a gravar música brasileira, assinalando um grande êxito com o samba-canção Copacabana, de João de Barro e Alberto Ribeiro, lançado em agosto de 1946. Um clássico até hoje, apesar das críticas que o consideravam americanizado demais, calcado em Bing Crosby.
Desde 1940, era contratado da Rádio Nacional. Em fins de 1946, embarca para os Estados Unidos, onde permanece 2 meses, com a finalidade de conhecer o ambiente musical da Terra do Tio Sam e travar amizade com vários artistas, seus ídolos. Volta à América do Norte quase em seguida, em meados de 1947, preso a um contrato de 56 semanas com os cigarros Philip Morris, que patrocinava programas na N.B.C., na qual atua no prestigiadíssimo programa de Milton Berle. Grava alguns discos na Majestic e vem a ser o criador de um clássico norte-americano. Tenderly de Jack Lawrence e Walter Gross, que chega ao hit parade. Enquanto atua nos Estados Unidos, sua gravação de Marina, de Dorival Caymmi, é lançada pela Continental com grande sucesso. Já é um astro quando desembarca no Rio de Janeiro e assina contrato com a Rádio Tupi, para receber 30 mil cruzeiros mensais, vultoso contrato.
Grava uma série de discos na Continental e consolida sua carreira com sucessos que viriam a ser básicos no seu repertório: Um Cantinho de Você, A Saudade Mata a Gente, Ponto Final, Uma Loura, Nick Bar e Alguém Como Tu, todos neste CD..
Participa nesse período de 3 filmes: Somos Dois, da Cinedistri, em 1949, contracenando e cantando, filme que não lhe deixaria boas lembranças; Perdidos de Amor, da Cinelândia Filmes, e Carnaval Atlântida, ambos de 1953.
Em janeiro de 1951, está na Argentina, onde estivera em 1949, e atua na Rádio El Mundo e na Boate Embassy. Fica conhecido como El Bing Crosby Brasileño. Volta a Nova Iorque em 1956/58 para cantar no Waldorf Astoria. Durante 6 meses, também se aprentaria em Cuba, República Dominicana e Porto Rico.
Sua carreira nos anos seguintes segue somando mais e mais admiradores, haja vista os Lps., mais de 20, e apresentações principalmente na noite. Chegou a ter casas noturnas. Por volta de 1960, muda-se para São Paulo. Nas cercanias da represa Billings, constrói uma bela casa, projetada por ele mesmo e sua terceira mulher.
Deixa de atuar na noite aí por volta de 1979, por achar que o público já não era o mesmo, mas continua a gravar e a se apresentar em ocasiões especiais, como, em 1981, no Ópera Cabaré, em São Paulo, numa noite recebendo seu amigo Lúcio Alves, com quem tinha gravado Tereza da Praia, de Tom Jobim e Billy Blanco.
Por essa época já se dedicava à pintura, uma antiga paixão que finalmente podia desenvolver e com talento.
Sempre fiel ao se estilo e ao seu repertório, dividido entre a música norte-americana e a brasileira, Dick criou páginas inesquecíveis do nosso cancioneiro e foi um dos precursores da Bossa Nova.
O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira.
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