Destaque entre o principais na riqueza de autores e intérpretes que emoldura o cenário artístico do Paraguai, Samuel Aguayo era o mais longevo de todos os valores nele vigentes. Lúcido e minucioso, segue evidenciando as qualidades de um profissional indiscutível e de alguém que possuía a fidalguia conseqüente daqueles que se tornam artistas por vocação e por devoção. Não por casualidade, aliás, tinha sido a estrela maior de apreciada audição dominical que o famoso locutor Dr. Cabriza apresenta pela FM-Ysapy, em Asunción.  
 
Conversar com Samuel Aguayo significava voltar a velhos e agradáveis tempos. Assessorado por um fiel amigo, o Coronel Pedro Gaete, demonstrava privilegiada memória. A prosa ademais, era entrecortada por um bom humor que o peso dos anos só serve para acentuar. O maestro contava, por exemplo, que começou em um circo. De plano, a fim de substituir o palhaço principal, que uma noite não pode se exibir. Em seguida, porque ninguém achava graça dos chistes que dizia, no meio do espetáculo apanhou a guitarra e se pôs a cantar, o que lhe valheu totais aplausos.  
 
Engajado ao nômade circo, o jovem guitarrista e cantor tomou o rumo de Posadas, Argentina. A Capital da Província de Misiones mudou-lhe as perspectivas. Assim, passou a atuar em bares e outros centros de atração pública, até que ocorresse, por seus méritos, a abertura da chamada "porta grande". Buenos Aires, então a mais importante cidade da América do Sul, e lugar indispensável para a projeção de quem pretendia fazer da arte um modo de vida.  
 
Foi chegar e vencer. No ambiente onde já pontificava a trilogia máxima do tango - Carlos Gardel, Agustin Magaldi e Ignacio Corsini - ao lado de fundamentais vozes rioplatenses, como as de Libertad Lamarque, Mercedes Simone, Ada Falcón, Azucena Maizani, Rosita Quiroga, Charlo e Alberto Gómez, e de orquestras típicas tão em moda, como as de Francisco Canaro, Oswaldo Fresedo, Roberto Firpo e Julio de Caro, o principiante se cercou de músicos paraguiaos de gabarito. Com José Asunción Flores, Emilio Biji, Julio e Juan Escobar, entre outros, abriu espaço para, simultaneamente ao "dois por quatro", impor as polcas, as guarânias e as galopas de sua terra. Era 1927 e no dia 27 de julho Samuel Aguayo debutava na sala de gravações, resgistrando os temas: "Floripa mi" e "Caminante triste". A trajetória veio a resultar em torno de 1.200 discos e em onze distribuições outorgadas pela RCA Victor argentina, em razão de êxitos de vendagem.  
 
Paraguaio de estirpe, Samuel Aguayo Yegros era tataraneto, por parte de pai, do Brigadier General Don Fulgencio Yegros, vulto da independência do vizinho País. Nascido na pequena Villeta, dia 26 de outubro de 1909, sempre foi é pioneiro igualmente ao que foi na época em que se propôs a ser um dos melhores veiculados da música asuncena. Afinal, o presente constitui não apenas um C.D. dedicado exclusivamente a ela, mas o primeiro a ter como personagem um expoente da Nação cujo prócer-maior é o Mariscal Francisco Solano López.  
 
Neste lançamento, mais um elaborado com base em matrizes de 78 rpm, apenas um breve síntese dos sucessos de SAMUEL AGUAYO propiciará ao ouvinte páginas imortais, nas quais o cantor demonstra toda a su a ductilidade, interpretando tanto em espanhol como em Guarani, ou suas virtudes de arranjador e diretor de uma orquestra, que composta inclusive por argentinos do elenco estável do Teatro Colón de Buenos Aires, somou até quarenta integrantes.  
 
Samuel Aguayo faleceu em 31 de março de 1993, em Assunción.  
 
O texto acima não representa a biografia completa do artista, mas sim, partes importantes de sua vida e carreira.